quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Sociologia


47. O tecido de nossas vidas
Manuel Castells
A internet é o tecido de nossas vidas. Se a tecnologia da informação é hoje o que a eletricidade foi na Era Industrial, em nossa época a internet poderia ser equiparada tanto a uma rede elétrica quanto ao motor elétrico, em razão de sua capacidade de distribuir a força da informação por todo o domínio da atividade humana.
Ademais, à medida que novas tecnologias de geração e distribuição de energia tornaram possível a fábrica e a grande corporação como fundamentos organizacionais da sociedade industrial, a Internet passou a ser a base tecnológica para a forma organizacional da Era da Informação: a rede.
Uma rede é um conjunto de nós interconectados. A formação de redes é uma prática humana muito antiga, mas as redes ganharam vida nova em nosso tempo transformando-se em redes de informação energizadas pela Internet.
As redes têm vantagens extraordinárias como ferramentas de organização em virtude de sua flexibilidade e adaptabilidade inerentes, características essenciais para se sobreviver e prosperar num ambiente em rápida mutação.
É por isso que as redes estão proliferando em todos os domínios da economia e da sociedade, desbancando corporações verticalmente organizadas e burocracias centralizadas e superando-as em desempenho. (Manuel Castells Professor, pesquisador, sociólogo e consultor espanhol. Em seu livro “A Galáxia da Internet: Reflexões sobre a internet, a sociedade e os negócios”. Jorge Zahar Editor, 2003).


48. O último discurso
Charles Chaplin
Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... Negros... Brancos...
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... Levantou no mundo as muralhas do ódio... E tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela.
A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria; Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.
A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... Um apelo à fraternidade universal... À união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... Milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas...
Vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis”! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... Da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.
Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... Que vos desprezam... Que vos escravizam... Que arregimentam as vossas vidas... Que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquinas! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... Os que não se fazem amar e os inumanos!
Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, mas dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas.
O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... De fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... Um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.
É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!
Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos! (Charles Chaplin, em seu filme “O Grande Ditador”).


49. Observando a História em Perspectiva
Entre inovações e Saltos de Época
Max Weber diz que as coisas só podem ser compreendidas se forem observadas a sangue frio e em profundidade, apreendendo sua objetividade. Eu creio que se compreende melhor a realidade quando a observação se dá “ao longo do processo”, conferindo-lhe uma perspectiva. E, neste caso, ao dar uma perspectiva, nos tornamos mais otimistas. Compreenderemos melhor a sociedade industrial se, em primeiro lugar, abordarmos as mudanças de época que a precederam.
Vamos procurar percorrer a história humana através das etapas da sua criatividade, isto é, tentar ver a História não como uma sequencia de batalhas e divisões baseada no possuir, mas como uma história das invenções, baseada no inovar.
As mudanças sempre aconteceram. Ennio Flaiano dizia: “Estamos numa fase de transição. Como sempre.” E isto, como em todos os jogos de palavra, é em parte verdadeiro e em parte falso. Provavelmente não existe época onde não tenha havido uma transição, porém nem todas as épocas mudam com a mesma intensidade e com a mesma velocidade. Muitas vezes temos a sensação de que, em dez anos, se faz mais história do que num século. Nos últimos dez anos, por exemplo, com a queda do muro de Berlim e com a difusão do fax, do telefone celular, da tomografia computadorizada e da Internet, vivemos uma evolução tecnológica mais intensa do que nas fases lentas e longas da Idade Média.
Em determinados momentos, temos a sensação de que se trata de uma mudança de época. Porém, não é apenas um fator da História que muda, mas é todo o paradigma – com base no qual os homens vivem – que se altera. Isso acontece quando três inovações diferentes coincidem: novas fontes energéticas, novas divisões do trabalho e novas divisões do poder. Se somente um desses fatores se alterasse, viveríamos uma inovação, mas, se todos eles mudassem simultaneamente, aconteceria um salto de época. Trata-se do mesmo conceito ao qual se refere Braudel, quando fala das ondas da História, que podem ser curtas, breves, médias ou longas.
Se por salto de época entendemos não uma simples guerra ou revolução, mas sim esse salto tríplice, então nos damos conta de que os casos em que essa coincidência de eventos se realizou na história humana são bem poucos: seis ou sete, não mais do que isso. E existem fases de milênios, séculos ou anos nas quais aconteceu alguma coisa, mas não uma verdadeira mudança de civilização. (Domenico de Masi, Sociólogo Italiano [Trecho extraído do livro “O Ócio Criativo”, publicado no Brasil pela Editora Sextante). 


50. Oração de São Francisco
Senhor!
Senhor! Fazei de mim um instrumento da vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor.
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia, que eu leve a união.
Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.
Onde houver erro, que eu leve a verdade.
Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei que eu procure mais:
Consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
Amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe.
É perdoando que se é perdoado.
E é morrendo que se vive para a vida eterna.
51. Os Estatutos do Homem
De
Thiago Homem de Melo A Carlos Heitor Cony

Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida, e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.
Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.
Artigo III
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.
Artigo IV
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.
Parágrafo único:
O homem, confiará no homem
como um menino confia em outro menino.
Artigo V
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.
Artigo VI
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.
Artigo VII
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.
Artigo VIII
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.
Artigo IX
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha
sempre o quente sabor da ternura.
Artigo X
Fica permitido a qualquer pessoa,
qualquer hora da vida,
uso do traje branco.
Artigo XI
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.
Artigo XII
Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.
Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.
Artigo XIII
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.
Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.
(Thiago Homem de Melo, Santiago do Chile, Abril de 1964)


52. Pelo fim da pobreza mundial
Jeffrey Sachs
Sou otimista? O otimismo e o pessimismo são irrelevantes. A questão não é prever o que vai acontecer, mas ajudar a moldar o futuro. Trata-se de uma tarefa coletiva, tanto para mim como para você.
Embora os manuais de introdução à economia preguem o individualismo e os mercados descentralizados, nossa segurança e prosperidade dependem pelo menos igualmente das decisões coletivas de lutar contra a doença, promover a boa ciência e a difusão da educação, proporcionar infra-estrutura crítica e agir em uníssono para ajudar os mais miseráveis.
Quando as pré-condições de infra-estrutura básica (estradas, energia e portos) e de capital humano (saúde e educação) estão disponíveis, os mercados são poderosas máquinas de desenvolvimento.
Sem essas pré-condições, os mercados podem cruelmente esquecer grandes parcelas da população mundial, deixando-as na pobreza e no sofrimento sem alívio.
A ação coletiva, por meio da eficiente oferta governamental de saúde, educação, infra-estrutura, bem como da ajuda externa, quando necessário, sustenta o sucesso econômico.
Há 85 anos, o grande economista inglês John Maynard Keynes meditou sobre as terríveis circunstâncias da Grande Depressão. A partir das profundezas do desespero que o cercava, ele escreveu em 1930 Possibilidades econômicas para nossos netos.
Numa época de coerção e sofrimento, ele previu o fim da pobreza na Grã-Bretanha e em outros países industriais no tempo de seus netos, perto do final do século XX.
Keynes enfatizou a tremenda marcha da ciência e da tecnologia e a capacidade desses avanços em tecnologia de sustentar o crescimento econômico continuado com juros compostos, crescimento suficiente, com efeito, para acabar com o velho “problema econômico” de ter o suficiente para comer e renda suficiente para suprir outras necessidades básicas.
Keynes tinha razão: a miséria não existe mais nos países ricos de hoje e está desaparecendo da maioria dos países de renda média do mundo.
Hoje podemos invocar a mesma lógica para declarar que a miséria pode acabar não na época de nossos netos, mas em nosso tempo.
A riqueza do mundo abastado, o poder dos vastos armazéns de conhecimento de hoje e a diminuição da fração do mundo que precisa de ajuda, tudo isso torna o fim da pobreza uma possibilidade realista até o ano 2025.
Keynes se perguntava como a sociedade de seus netos usaria sua riqueza e sua libertação sem precedentes da milenar luta pela sobrevivência diária.
Essa é exatamente a pergunta a que temos de responder. Teremos o bom senso de usar nossa riqueza com sabedoria, para curar um planeta dividido, para acabar com o sofrimento daqueles que ainda estão presos na pobreza e para forjar um laço comum de humanidade, segurança e objetivo compartilhado por culturas e regiões diferentes? (Jeffrey Sachs. Economista Norte-Americano. Trecho extraído da introdução de seu livro “O fim da pobreza”)


53. Por que cinema?
Federico Fellini
 “Nunca imaginei me tornar um diretor, mas do primeiro dia, da primeira vez que gritei “Luz! Câmera! Ação! Corta!”, pareceu-me ter sempre feito aquilo, não poderia fazer nada diferente, aquilo era eu e aquela era a minha vida. E assim, fazendo filmes, só me proponho seguir esta inclinação natural, a contar histórias por intermédio do cinema, histórias que fazem parte da minha natureza e que gosto de narrar numa inextricável mistura de sinceridade e de invenção, de vontade de chocar, de me confessar, de ser a moral, o profeta, a testemunha, o palhaço... De fazer rir e comover. Precisa de outro motivo?” (Federico Fellini, cineasta italiano.Trecho do livro “Fazer um Filme”, publicado no Brasil pela Civilização Brasileira)


54. Quando a razão nos sufoca...
Max Horkheimer
A história do menino que olhou para o céu e perguntou:
Papai, que é que a Lua está anunciando, é uma alegoria do que aconteceu a relação entre homem e natureza na era da razão formalizada. Por um lado, a natureza foi despojada de todo valor ou significado intrínseco.
Por outro, o homem foi despojado de todos os objetivos, exceto o de autoconservação. Ele tenta transformar tudo o que está a seu alcance em um meio para determinado fim.
Qualquer palavra ou sentença que insinuem relações que não sejam pragmáticas tornam-se suspeitas. Quando pedem a um homem que admire algo, que respeite um sentimento ou atitude, que ame uma pessoa por ela mesma, ele fareja sentimentalismo e suspeita que estão querendo levá-lo na conversa ou tentando vender alguma coisa.
Embora as pessoas possam não perguntar o que é que a Lua estaria anunciando, tendem a pensar nela em termos de balística ou de milhas aéreas.
A completa transformação do mundo em um mundo mais de meios do que de fins é em si mesma a conseqüência do desenvolvimento histórico da produção.
Quanto mais a produção material e a organização social se tornam complicadas de reificadas (coisificadas), mais difícil se torna o reconhecimento dos meios como tais, desde que eles assumem a aparência de entidades autônomas. (...)
A moderna insensibilidade para com a natureza é de fato apenas uma variação da atitude pragmática que é típica da civilização ocidental como um todo. 


55. Relacionamentos humanos em desintegração
Eric J. Hobsbawm
A terceira transformação, em certos aspectos a mais perturbadora, é a desintegração de velhos padrões de relacionamento social humano, e com ela, aliás, a quebra dos elos entre as gerações, quer dizer, entre passado e presente.
Isso ficou muito evidente nos países mais desenvolvidos da versão ocidental de capitalismo, onde predominaram os valores de um individualismo associal absoluto, tanto nas ideologias oficiais como nas não oficiais, embora muitas vezes aqueles que defendem esses valores deplorem suas conseqüências sociais.
Apesar disso, encontravam-se as mesmas tendências em outras partes, reforçadas pela erosão das sociedades e religiões tradicionais e também pela destruição, ou auto-destruição, das sociedades do socialismo real.
Essa sociedade, formada por um conjunto de indivíduos egocentrados sem conexão entre si, em busca apenas da própria satisfação (o lucro, o prazer ou seja lá o que for), estava sempre implícita na teoria capitalista. (Eric J. Hobsbawm. Historiador Inglês. Trecho selecionado de sua obra  “Era dos Extremos – O Breve Século XX)


56. Razão e Emoção – É preciso inteireza
Fabiano Brum
Existem situações em nossa vida em que temos de escutar as informações, os  sons e os sentimentos que nos rodeiam para tomarmos decisões, caminhos ou  realizar escolhas.
São inúmeras estas informações e, tome-se como exemplo, as informações detalhadas abaixo: 
Externas: São aquelas informações advindas de conselho de amigos, de especialistas, análises financeiras, opinião pública, pesquisar o cliente, entre muitas outras. 
Próprias: São as informações advindas de nossas próprias percepções, sentimentos, experiências, além daquelas que vêm de nosso conhecimento técnico, nossa razão e nossa emoção.
Muitas vezes, não existe um caminho único a ser seguido, do mesmo modo que também não existe uma verdade absoluta a ser acreditada.
Muitas escolhas podem até levar-nos para os mesmos lugares ou, até mesmo, para resultados bem distantes.
Certa vez, o filósofo Confúcio disse: “Onde quer que vás, vá  de todo o coração”.
Confúcio estava nos dizendo que precisamos ser fiéis a nós mesmos, utilizarmos da razão, porém ela deve ser embebida na sensibilidade, estarmos presentes em razão e em emoção.
Devemos agir tecnicamente, porém com o sentimento daquele que ama o que faz, respeita seus ideais e, principalmente, tem respeito por outras pessoas.
Basta você olhar para os lados e verá quantas pessoas estão trabalhando sem nenhum tipo de sentimento, “ligadas no modo automático”, exercendo suas funções de forma mecânica, alheias aos acontecimentos e aos outros seres humanos que os cercam.
São pessoas que atuam sem prazer, sem vida, sem amor próprio ou amor pelo próximo.
Na vida, é preciso agir com inteireza. Inteireza é uma palavra definida no dicionário como a qualidade ou o estado daquilo que é inteiro; com integridade física e moral.
Precisamos estar inteiros para darmos o melhor de nós mesmos por aquilo que estamos fazendo naquele momento. Estar inteiro também é estar com o outro, pelo outro, interessados no bem-estar e no sucesso do outro, tais como clientes, parceiros, família, amigos e comunidade. 
Um trecho da música "Por Inteiro" do cantor e compositor Wilson Sideral diz:  “Não importa o arranjo, em conjunto somos mais do que solo”.
Estar inteiro não é estar sozinho, mas sim em sintonia com o mundo. Juntos somos mais do que um.
Da próxima vez que tiver que tomar uma decisão, estiver atendendo um cliente ou se relacionando com algo ou alguém, esteja por inteiro. E não se esqueça do velho amigo Confúcio: “Onde quer que vás, vá de todo o coração”.
Afine-se para o sucesso! (Fabiano Brum é Palestrante especialista em motivação, vendas, empreendedorismo e educação, vem destacando-se em palestras, cursos e seminários pela maneira inteligente e criativa com que alia seu conhecimento musical aos temas de seus treinamentos. E-mail: contato@fabianobrum.com.br  -  Site: www.fabianobrum.com.br)

57. Rir é o melhor remédio
Doutores da alegria
1- Quando sair de casa, não esqueça a alegria dentro do armário.

2- Os Doutores da Alegria advertem: rir em excesso pode causar bem-estar.

3- A alegria é contagiante. Deixe que ela se torne uma epidemia.

4- Para viver com alegria, a receita é retomar o bom-humor de 2 em 2 horas.

5- Não tenha medo de se divertir.

6- A felicidade não tem contraindicações.

7- Faça uma reflexão periódica sobre o seu humor.

8- Quando o seu sorriso se tornar uma surpresa para as pessoas, é hora de cuidar da sua personalidade.

9- De vez em quando esqueça aquele papo de manter os pés no chão.

10- Não tenha vergonha de ser ridiculamente feliz.

11- Uma risada vale mais do que mil palavras.

12- Quem não ri, vive pela metade. ( Doutores da Alegria. Extraído do livro “Receituário da Alegria”)


58. Sentimento do Mundo
Carlos Drummond de Andrade
Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo,
mas estou cheio escravos,
minhas lembranças escorrem
e o corpo transige
na confluência do amor.
Quando me levantar, o céu
estará morto e saqueado,
eu mesmo estarei morto,
morto meu desejo, morto
o pântano sem acordes.
Os camaradas não disseram
que havia uma guerra
e era necessário
trazer fogo e alimento.
Sinto-me disperso,
anterior a fronteiras,
humildemente vos peço
que me perdoeis.
Quando os corpos passarem,
eu ficarei sozinho
desfiando a recordação
do sineiro, da viúva e do microscopista
que habitavam a barraca
e não foram encontrados
ao amanhecer
Esse amanhecer
mais noite que a noite. (Poema de Carlos Drummond de Andrade retirado de seus terceiro trabalho "Sentimento do Mundo", publicado em 1940).


59. Sobre mestres e professores
Georges Gusdorf
O mestre é aquele que ultrapassou a concepção de uma verdade como fórmula universal, solução e resolução do ser humano, para se elevar à idéia de uma verdade como procura.
O mestre não possui a verdade e não admite que alguém possa possuir. Faz-lhe horror o espírito de proprietário do pedagogo, e a sua segurança na vida.
O obscurantismo pedagógico procura asilo e refúgio na tecnicidade. Ele aborda os problemas do ensino através da particularidade das faculdades humanas, propondo-se educar a atenção, a memória, a imaginação, ou pela descrição das especialidades didáticas, propondo-se então a tarefa de facilitar a aprendizagem do cálculo, do latim ou da ortografia.
O pedagogo transforma a sua classe numa oficina que trabalha com vista a um rendimento; ele mantém a sua boa consciência à custa de gráficos e de estatísticas sabiamente dosadas e cheias de promessas.
No seu universo milimetrado, faz figura aos seus próprios olhos de feiticeiro laico e obrigatório, manipulador de inteligência sem rosto.
O mestre autêntico é aquele que nunca esquece, qualquer que seja a especialidade ensinada, que é da verdade que se trata. Há programas, bem entendido, e atividades especializadas.
É mister, tanto quanto é possível, respeitar os programas. Mas as verdades particulares repartidas através dos programas não são senão aplicações e figurações de uma verdade de conjunto, que é uma verdade humana, a verdade do homem para o homem.
A cultura não é outra coisa senão a tomada da consciência, por cada indivíduo, dessa verdade que fará dele um homem.
O pedagogo assegura o melhor possível ensinamentos diversos; reparte conhecimentos. O mestre quer ser antes de tudo um iniciador da cultura. A verdade é para cada um o sentido da sua situação.
A partir da sua própria situação em relação à verdade o mestre tenta despertar os seus alunos para a consciência da verdade particular de cada um. (Georges Gusdorf. Professores para quê? 1970)


60. Sobre Vencedores e Vencidos
A História das verdades fragmentadas e parciais
“Heroico” ou “belo” são conceitos subjetivos criados pelos homens que escrevem a história para as gerações posteriores e que descrevem o modo como os vencedores contam sua saga, sua epopeia. Não há para os perdedores o necessário espaço para a manifestação de sua dor, do sangue derramado, da ideologia destruída senão a partir das palavras criadas por seus oponentes. Neste sentido, surge a exaltação e também a idolatria daqueles que triunfaram e o ostracismo, o esquecimento, em relação aos que foram derrotados. Não há real beleza e heroísmo no horror da guerra, daqueles que morreram e foram enterrados em valas coletivas, das ideias sufocadas que se tornam malditas aos olhos dos vencedores. E a história, enquanto produção humana, retrata apenas aquilo que somos e queremos sempre ser, ou seja, detentores de uma verdade que é apenas fragmentada e parcial...  (João Luís de Almeida Machado - Educador e HistoriadorDoutor em Educação pela PUC-SP; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP); Professor Universitário e Pesquisador; Autor do livro "Na Sala de Aula com a Sétima Arte – Aprendendo com o Cinema" (Editora Intersubjetiva).


61. Sonhos de liberdade e igualdade
Martin Luther King
Eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano. Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.
Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade.
Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado do Mississipi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça.
Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter.
Eu tenho um sonho hoje! Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos.
Eu tenho um sonho hoje! Eu tenho um sonho que um dia todo vale será exaltado, e todas as colinas e montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados e a glória do Senhor será revelada e toda a carne estará junta. Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que regressarei para o Sul.
Com esta fé nós poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé nós poderemos transformar as discórdias estridentes de nossa nação em uma bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé nós poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, defender a liberdade juntos, e quem sabe, um dia, nós seremos livres. (Discurso de Martin Luther King - 28 de Agosto de 1963)


62. Sorria
Canção de Charles Chaplin, Geoffrey Parsons e James Phillips
Sorria
Mesmo que o seu coração esteja doendo
Sorria
Mesmo que esteja se quebrando
Quando há nuvens no céu
Sobre isso você passará
Se você sorrir
Através do seu medo e sofrimento
Sorria
E talvez amanhã
Você verá o sol
Brilhar
Para você
Ilumine seu rosto com felicidade
Esconda cada traço de tristeza
Apesar disso uma lágrima
Pode estar tão perto
então é hora
Você deve continuar tentando
Sorria
Para quê chorar?
Você irá descobrir que a vida
Ainda vale
Se você somente sorrir
Sorria
Ilumine seu rosto com felicidade
Esconda cada traço de tristeza
Apesar disso uma lágrima
Pode estar tão perto
então é hora
Você deve continuar tentando
Sorria
Para quê chorar?
Você irá descobrir que a vida
Ainda vale
Se você somente sorrir
Continue sorrindo
Sim
Nunca, nunca, nunca pare
Sorria
(Smile.Canção de Charles Chaplin, Geoffrey Parsons e James Phillips)


63. Transcender
Coluna Filosofando
O conceito de relações, da esfera puramente humana, guarda em si, como veremos, conotações de pluralidade, de transcendência, de criticidade, de conseqüência e de temporalidade.
As relações que o homem trava no mundo com o mundo (pessoais, impessoais, corpóreas e incorpóreas) apresentam uma ordem tal de características que as distinguem totalmente dos puros contatos, típicos da outra esfera animal.
Entendemos que, para o homem, o mundo é uma realidade objetiva, independente dele, possível de ser conhecida. É fundamental, contudo, partirmos de que o homem, ser de relações e não só de contatos, não apenas está no mundo, mas com o mundo. Estar com o mundo resulta de sua abertura à realidade, que o faz ser o ente de relações que é.
Há uma pluralidade nas relações do homem com o mundo, na medida em que responde à ampla variedade dos seus desafios. Em que não se esgota num tipo padronizado de resposta.
A sua pluralidade não é só em face dos diferentes desafios que partem do seu contexto, mas em face de um mesmo desafio. No jogo constante de suas respostas, altera-se no próprio ato de responder.
Organiza-se. Escolhe a melhor resposta. Testa-se. Age. Faz tudo isso com a certeza de quem usa uma ferramenta, com a consciência de quem está diante de algo que o desafia.
Nas relações que o homem estabelece com o mundo há, por isso mesmo, uma pluralidade na própria singularidade. E há também uma nota presente de criticidade.
A captação que faz dos dados objetivos de sua realidade, como dos laços que prendem um dado a outro, ou um fato a outro, é naturalmente crítica, por isso, reflexiva e não reflexa, como seria na esfera dos contatos. Ademais é o homem, e somente ele, capaz de transcender. (Paulo Freire. Educador Brasileiro. Trecho extraído de sua obra “Educação como Prática de Liberdade”)


64. Uma bela mensagem
Augusto Cury
“Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..." (Augusto Cury. Escritor brasileiro).


65. Virtude na mediania
Aristóteles
A virtude diz respeito às paixões e ações em que o excesso é uma forma de erro, assim como a carência, ao passo que o meio termo é uma forma de acerto digna de louvor; e acertar e ser louvada são características da virtude. Em conclusão, a virtude é uma espécie de mediania, já que, como vimos, ela põe a sua mira no meio termo.
Por outro lado, é possível errar de muitos modos (pois o mal pertence à classe do ilimitado e o bem à do limitado, como supuseram os pitagóricos), mas só há um modo de acertar.
Por isso, o primeiro é fácil e o segundo difícil – fácil errar a mira, difícil acertar o alvo. Pelas mesmas razões, o excesso e a falta são característicos do vício, e a mediania da virtude:
Pois os homens são bons de um modo só, e maus de muitos modos.
A virtude é, pois, uma disposição de caráter relacionada com a escolha consistente numa mediania, isto é, a mediania relativa a nós, a qual é determinada por um princípio racional próprio do homem dotado de sabedoria prática.
E é um meio termo entre dois vícios, um por excesso e outro por falta; pois que, enquanto os vícios ou vão muito longe ou ficam aquém do que é conveniente no tocante às ações e paixões, a virtude entrar e escolhe o meio termo.
E assim, no que toca à sua substância e à definição que lhe estabelece a essência, a virtude é uma mediania; com referência ao sumo bem e ao mais justo, é, porém, um extremo. (Aristóteles. Em sua obra Ética a Nicômano). 


66. UMA HISTÓRIA REPUGNANTE
Trabalho jornalístico fala sobre o último elo de uma cadeia: o destino final dos fetos de Carlos Heitor Cony – Folha de São Paulo – 11/04/2008
DOIS JORNALISTAS ingleses, Michel Litchfield e Susan Kentish, fizeram há tempos uma ampla pesquisa sobre a indústria do aborto em Londres. O resultado foi um livro que causou espanto e merece, ao menos, uma reflexão de todos os que se preocupam com o assunto. “Babies for Burning” (bebês para queimar, editado pela Serpentine Press, de Londres) não é um ensaio sobre o aborto, mas um trabalho jornalístico sobre o último elo de uma cadeia: o destino final dos fetos que anualmente são retirados de ventres que não desejam ou não podem ter filhos ou “aquele filho”.
No caso da Inglaterra, já existe uma lei, o “Abortion Act”, de 1967, que permite a interrupção do processo de gravidez pela eliminação mecânica. Os autores souberam, por meio de informações esparsas, que a indústria do aborto, como qualquer indústria moderna, tinha uma linha de subprodutos: a venda de fetos humanos para as fábricas de cosméticos.
Durante a Segunda Guerra, os nazistas também exploraram esse ramo do negócio: matavam judeus aos milhões e aproveitavam a pele e a escassa gordura das vítimas para uma linha de subprodutos que iam de bolsas feitas de pele humana a sabões que lavavam os uniformes do Exército do 3º Reich.
Os ingleses não chegam a ser famosos pelas bolsas que fabricam, mas pelo chá e pelos sabonetes -os melhores do mundo. Um “english soap” sempre me causou pasmo pela maciez, a consistência da espuma, a sensação de limpeza que dá a pele. Não podia suspeitar que tanto requinte pudesse ter -em alguns deles- as proteínas que só se encontram na carne -e carne humana por sinal.
Desde que li o livro, cortei drasticamente dos meus hábitos de higiene o uso dos bons e estimulantes sabonetes ingleses. Aderi ao sabão de coco, honestamente subdesenvolvido, com cheiro de praia do Nordeste e eficácia múltipla, na cozinha ou no toucador. Contam os jornalistas: “Quando nos encontramos em seu consultório, o ginecologista pediu à sua secretária que saísse da sala. Sentou-se ao lado de Litchfield, o que melhorou a gravação, pois o microfone estava dentro da sua maleta.
O médico mostrou uma carta: – “Este é um aviso do Ministério da Saúde”, disse, com cara de enfado. “As autoridades obrigam a incineração dos fetos… não devemos vendê-los para nada… nem mesmo para a pesquisa cientifica… Este é o problema….” – “Mas eu sei que o senhor vende fetos para uma fábrica de cosméticos e… e estou interessado em fazer uma oferta… também quero comprá-los para a minha indústria…” – “Eu quero colaborar com o senhor, mas há problemas… Temos de observar a lei…
As pessoas que moram nas vizinhanças estão se queixando do cheiro de carne humana queimada que sai do nosso incinerador. Dizem que cheira como um campo de extermínio nazista durante a guerra.” E continuou: “Oficialmente, não sei o que se passa com os fetos. Eles são preparados para serem incinerados e depois desaparecem. Não sei o que acontece com eles. Desaparecem. É tudo.” – “Por quanto o senhor está vendendo?” – “Bem, tenho bebês muito grandes. É uma pena jogá-los no incinerador. Há uso melhor para eles. Fazemos muitos abortos tardios, somos especialistas nisso.
Faço abortos que outros médicos não fazem. Fetos de sete meses. A lei estipula que o aborto pode ser feito quando o feto tem até 28 semanas. É o limite legal. Se a mãe está pronta para correr o risco, eu estou pronto para fazer a curetagem. Muitos dos bebês que tiro já estão totalmente formados e vivem um pouco antes de serem mortos.
Houve uma manhã em que havia quatro deles, um ao lado do outro, chorando como desesperados. Era uma pena jogá-los no incinerador porque tinham muita gordura que poderia ser comercializada. Se tivessem sido colocadas numa incubadeira poderiam sobreviver mas isso aqui não é berçário.
Não sou uma pessoa cruel, mas realista. Sou pago para livrar uma mulher de um bebê indesejado e não estaria desempenhando meu oficio se deixasse um bebê viver. E eles vivem, apesar disso, meia hora depois da curetagem. Tenho tido problemas com as enfermeiras, algumas desmaiam nos primeiros dias.” (Carlos Heitor Cony – Folha de São Paulo – 11/04/2008). .LITCHFIELD, Michael; KENTISH, Susan. Bebês para queimar: a indústria do aborto na Inglaterra. 6. ed. São Paulo, Paulinas, 1985, p. 52-54. Título original: Babies for burning: the abortion business in Britain. O “copyright” é de 1974.


66.1 O aborto e o nazismo
No clássico livro “Bebês para queimar” (Babies for burning), os jornalistas ingleses Michel Litchfield e Susan Kentish investigaram o que ocorria nas clínicas de aborto de Londres, logo após sua legalização na Inglaterra (o “Abortion Act”, de 1967). Apresentavam-se como se fossem marido e mulher à procura de um aborto e gravavam as conversas com os médicos. É elucidante a passagem seguinte, que mostra a simpatia de um praticante de aborto pelas idéias nazifascistas:
“A menos de um quilômetro da 'Ladycare' há outro consultório de teste de gravidez. Este funciona na própria residência de um farmacêutico.
Na sala de espera há prateleiras cheias de livros sobre o Nazismo, o Fascismo, seleção natural e eutanásia. Havia seis livros intitulados: Fascism, The Oníy Way (Fascismo: A Única Saída), três volumes intitulados: Hitler's Dream (O Sonho de Hitler). Outros livros: The Importance of the Third Reich (A Importância do Terceiro Reich), Mosley, The Man for Britain (Mosley' — O Homem para a Inglaterra), e Fascists' Forum (O Fórum Fascista).
‘Por favor, queira escolher um livro para ler', disse o farmacêutico a Litchfield enquanto levava Sue para a outra sala. 'Vai achá-los muito interessantes, cheios de informações'.
Quando voltaram para a sala de espera, Litchfield comentou: 'Não têm nada que me interesse. São todos sobre o Fascismo e sobre Hitler’.
‘Não subestime o Fascismo’, disse com voz firme o perito em teste de gravidez. ‘Lembre-se de que a minha profissão tem muitas relações com a seleção racial e a eutanásia. Este era o grande sonho e a sublime filosofia de Hitler.
Neste setor de abortos há uma corrente forte da qual participam muitos médicos, que acreditam no dogma de Hitler. O aborto deu a algumas pessoas grande poder sobre a vida e sobre a morte. Aguardamos o tempo em que a mãe terá o direito de matar o seu filho até algumas horas depois do parto normal. Quando a criança nasce a mãe deve ter a possibilidade de olhar bem para ela e ver se corresponde à sua expectativa e resolver se ela deve continuar vivendo. Isto é o ideal, o sonho, naturalmente. Mas ainda estamos muito longe do tempo em que a sociedade em seu conjunto aceite uma coisa destas. Temos que ir muito devagar.
Se se dissesse uma coisa destas logo no começo, quando entrou em vigor a Lei do Aborto, teria havido protestos, o público teria ficado horrorizado. Temos que conquistar nosso terreno centímetro por centímetro. O próximo passo será a eutanásia. Estamos procurando controlar a duração da vida de modo que a pessoa morra quando completar sessenta anos, para que a maioria da população tenha de vinte a cinqüenta anos. A maior parte dos médicos adeptos do aborto e que o praticam, com os quais estou em contato, são defensores desta causa. Os médicos, na Alemanha, estavam muito à frente de Hitler: eram eles que forçavam Adolph a experiências cada vez mais avançadas. Na Inglaterra foram os médicos que promoveram o aborto. Viram no aborto o primeiro passo para as conquistas mais radicais. Trata-se de uma questão de poder e de reforma do mundo’.”
.LITCHFIELD, Michael; KENTISH, Susan. Bebês para queimar: a indústria do aborto na Inglaterra.
6. ed. São Paulo, Paulinas, 1985, p. 52-54. Título original: Babies for burning: the abortion business in Britain. O “copyright” é de 1974.Os grifos não são do original) Anápolis, 16 de junho de 2003. Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz. Presidente do Pró-Vida de Anápolis.


66.1.1 O aborto e o nazismo, continuação
No clássico livro "Bebês para queimar" (Babies for burning), os jornalistas ingleses Michel Litchfield e Susan Kentish investigaram o que ocorria nas clínicas de aborto de Londres, logo após sua legalização na Inglaterra (o "Abortion Act", de 1967). Apresentavam-se como se fossem marido e mulher à procura de um aborto e gravavam as conversas com os médicos.
De acordo com a lei inglesa, os bebês abortados deveriam ser incinerados (daí o nome do livro). Há uma gravação magnética, citada no livro, em que um médico praticante de abortos, com um consultório na Harley Street, lamenta que a lei obrigue a jogar fora tanta gordura comercializável e propõe um outro destino aos cadáveres das crianças. É elucidante a passagem seguinte, que mostra a simpatia dele pelas idéias de Hitler:
Muitos dos bebês que tiro já estão totalmente formados e vivem ainda um pouco, antes de serem eliminados. Uma manhã havia quatro deles, um ao lado do outro, chorando como desesperados. Não tive tempo de matá-los ali na hora, porque tinha muito o que fazer. Era uma pena jogá-los no incinerador, porque eles tinham muita gordura animal que poderia ser comercializada.
Naquele ponto, se tivessem sido colocados numa incubadora poderiam sobreviver, mas na minha clínica eu não possuo essa espécie de facilidades. O nosso negócio é pôr fim a vidas e não ajudá-las a começar.
Não sou uma pessoa cruel. Sou realista. Se sou pago para fazer um trabalho e se o trabalho é livrar uma mulher de um bebê, então não estaria desempenhando o meu papel se deixasse que o bebê vivesse, embora o mantenha vivo cerca de meia hora. Tenho alguns problemas com as enfermeiras. Muitas delas desmaiam no primeiro dia. Temos sempre muita rotatividade em nosso pessoal. As alemãs muitas vezes são boas. Não são uma raça de gente sentimental. As inglesas têm tendência – mas nem sempre – a serem sentimentais.
Hitler pode ter sido inimigo deste país, mas nem tudo a respeito de sua política era mau. Ele tinha algumas idéias e filosofia muito progressistas. A seletividade da vida sempre teve grande fascínio para certos elementos do mundo médico. Sempre considerei a possibilidade da reprodução seletiva e da eliminação seletiva. Mas isto é outro assunto... Desculpe aborrecê-lo com minhas teorias. Acho que o Sr. me julga meio doido, não é? Se o sou, não sou o único. Muitos dos ginecologistas, muitos mesmo, que fazem aborto em Londres e em outras partes da Inglaterra, pensam da mesma maneira que eu. Mas devemos ser homens de ciência e não homens de emoção. Devemos ver através do nevoeiro do sentimentalismo. A vida humana é uma coisa que pode ser controlada, condicionada e destruída como qualquer máquina [LITCHFIELD, Michael; KENTISH, Susan. Bebês para queimar: a indústria do aborto na Inglaterra. 6. ed. São Paulo, Paulinas, 1985, p152-153. Título original: Babies for burning: the abortion business in Britain. O "copyright" é de 1974. Os grifos são nossos].Anápolis, 11 de julho de 2004. Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz. Presidente do Pró-Vida de Anápolis


67. Sociologia
Meu professor de sociologia costumava sempre
Nos dizer que não, que não existe solução onde,
Um povo não responde, à mais velha questão.

E a questão é repartir o pão, em partes justas, de
Maneira tal, que faz sucesso o povo que reparte,
E o que não reparte sempre se dá mal. pois eu vivi pra
Ver esta verdade, fui viver lá fora e constatei que
Não, que não existe solução onde, um povo não responde
A mais velha questão.

E a questão é mais que social, de tal maneira é uma
Questão maior, que faz sucesso o povo que reparte e o
Que não reparte fica na pior!

Já vi miséria em cima de miséria, mas a brasileira é
Muito mais boçal. temos de tudo mas nos falta tudo,
Porque nesta terra tudo é colossal.

E é colossal também a ilusão de quem se esconde atrás
Do capital. se em cada 100, 70 não tem nada,
Os 30 que tem tudo não sossegarão.

Por isso, aquele que tiver dinheiro faça o que é
Preciso pelo seu irmão. se falta pão na casa do
Operário,o lucro do empresário é coisa de ladrão.

Pois a questão é repartir o pão, em partes justas de
Maneira tal, que o que se come na casa do empresário
Na do operário seja o mesmo pão.
Que o que se come na casa do empresário, na do
Operário... seja tal e qual.

68. Lavagem Cerebral
Composição : Gabriel, O Pensador
Racismo preconceito e discriminação em geral
É uma burrice coletiva sem explicação
Afinal que justificativa você me dá para um povo que precisa de união
Mas demonstra claramente
Infelizmente
Preconceitos mil
De naturezas diferentes
Mostrando que essa gente
Essa gente do Brasil é muito burra
E não enxerga um palmo à sua frente
Porque se fosse inteligente esse povo já teria agido de forma mais consciente
Eliminando da mente todo o preconceito
E não agindo com a burrice estampada no peito
A "elite" que devia dar um bom exemplo
É a primeira a demonstrar esse tipo de sentimento
Num complexo de superioridade infantil
Ou justificando um sistema de relação servil
E o povão vai como um bundão na onda do racismo e da discriminação
Não tem a união e não vê a solução da questão
Que por incrível que pareça está em nossas mãos
Só precisamos de uma reformulação geral
Uma espécie de lavagem cerebral
Não seja um imbecil
Não seja um ingnorante
Não se importe com a origem ou a cor do seu semelhante
O quê que importa se ele é nordestino e você não?
O quê que importa se ele é preto e você é branco?
Aliás branco no Brasil é difícil porque no Brasil somos todos mestiços
Se você discorda então olhe pra trás
Olhe a nossa história
Os nossos ancestrais
O Brasil colonial não era igual a Portugal
A raiz do meu país era multirracial
Tinha índio, branco, amarelo, preto
Nascemos da mistura então porque o preconceito?
Barrigas cresceram
O tempo passou...
Nasceram os brasileiros cada um com a sua cor
Uns com a pele clara outros mais escura
Mas todos viemos da mesma mistura
Então presta atenção nessa sua babaquice
Pois como eu já disse racismo é burrice
Dê a ignorância um ponto final:
Faça uma lavagem cerebral
Negro e nordestino constróem seu chão
Trabalhador da construção civil conhecido como peão
No Brasil o mesmo negro que constrói o seu apartamento ou quelava o chão de uma delegacia
É revistado e humilhado por um guarda nojento que ainda recebe osalário e o pão de cada dia graças ao negro ao nordestino e atodos nós
Pagamos homens que pensam que ser humilhado não dói
O preconceito é uma coisa sem sentido
Tire a burrice do peito e me dê ouvidos
Me responda se você discriminaria
Um sujeito com a cara do PC Farias
Não você não faria isso não...
Você aprendeu que o preto é ladrão
Muitos negros roubam mas muitos são roubados
E cuidado com esse branco aí parado do seu lado
Porque se ele passa fome
Sabe como é:
Ele rouba e mata um homem
Seja você ou seja o Pelé
Você e o Pelé morreriam igual
Então que morra o preconceito e viva a união racial
Quero ver essa musica você aprender e fazer
A lavagem cerebral
O racismo é burrice mas o mais burro não é o racista
É o que pensa que o racismo não existe
O pior cego é o que não quer ver
E o racismo está dentro de você
Porque o racista na verdade é um tremendo babaca
Que assimila os preconceitos porque tem cabeça fraca
E desde sempre não para pra pensar
Nos conceitos que a sociedade insiste em lhe ensinar
E de pai pra filho o racismo passa
Em forma de piadas que teriam bem mais graça
Se não fossem o retrato da nossa ignorância
Transmitindo a discriminação desde a infância
E o que as crianças aprendem brincando
É nada mais nada menos do que a estupidez se propagando
Qualquer tipo de racismo não se justifica
Ninguém explica
Precisamos da lavagem cerebral pra acabar com esse lixo que é uma herança cultural
Todo mundo é racista mas não sabe a razão
Então eu digo meu irmão
Seja do povão ou da "elite"
Não participe
Pois como eu já disse racismo é burrice
Como eu já disse racismo é burrice

E se você é mais um burro
Não me leve a mal
É hora de fazer uma lavagem cerebral
Mas isso é compromisso seu
Eu nem vou me meter
Quem vai lavar a sua mente não sou eu
É você

 

69. Eu, Etiqueta - Carlos Drummond de Andrade

Em minha calça está grudado um nome
que não é meu de batismo ou de cartório,
um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
que jamais pus na boca, nesta vida.
Em minha camiseta, a marca de cigarro
que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produto
que nunca experimentei
mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
de alguma coisa não provada
por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
minha gravata e cinto e escova e pente,
meu copo, minha xícara,
minha toalha de banho e sabonete,
meu isso, meu aquilo,
desde a cabeça ao bico dos sapatos,
são mensagens,
letras falantes,
gritos visuais,
ordens de uso, abuso, reincidência,
costume, hábito, premência,
indispensabilidade,
e fazem de mim homem-anúncio itinerante,
escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É doce estar na moda, ainda que a moda
seja negar minha identidade,
trocá-la por mil, açambarcando
todas as marcas registradas,
todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
eu que antes era e me sabia
tão diverso de outros, tão mim-mesmo,
ser pensante, sentinte e solidário
com outros seres diversos e conscientes
de sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio,
ora vulgar ora bizarro,
em língua nacional ou em qualquer língua
(qualquer, principalmente).
E nisto me comprazo, tiro glória
de minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
para anunciar, para vender
em bares festas praias pérgulas piscinas,
e bem à vista exibo esta etiqueta
global no corpo que desiste
de ser veste e sandália de uma essência
tão viva, independente,
que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
meu gosto e capacidade de escolher,
minhas idiossincrasias tão pessoais,
tão minhas que no rosto se espelhavam,
e cada gesto, cada olhar,
cada vinco da roupa
resumia uma estética?
Hoje sou costurado, sou tecido,
sou gravado de forma universal,
saio da estamparia, não de casa,
da vitrina me tiram, recolocam,
objeto pulsante mas objeto
que se oferece como signo de outros
objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
de ser não eu, mas artigo industrial,
peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é coisa.
Eu sou a coisa, coisamente. 


70. Cidadão – Letra: Zé Ramalho
Tá vendo aquele edifício moço
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas prá ir, duas prá voltar
Hoje depois dele pronto
Olho prá cima e fico tonto
Mas me vem um cidadão
E me diz desconfiado
"Tu tá aí admirado?
Ou tá querendo roubar?"
Meu domingo tá perdido
Vou prá casa entristecido
Dá vontade de beber
E prá aumentar meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer...

Tá vendo aquele colégio moço
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Fiz a massa, pus cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente
Vem prá mim toda contente
"Pai vou me matricular"
Mas me diz um cidadão:
"Criança de pé no chão
Aqui não pode estudar"
Essa dor doeu mais forte
Por que é que eu deixei o norte
Eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava
Mas o pouco que eu plantava
Tinha direito a comer...

Tá vendo aquela igreja moço
Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Lá foi que valeu a pena
Tem quermesse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que Cristo me disse:
"Rapaz deixe de tolice
Não se deixe amedrontar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio, fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asa
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio, fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar"

Hié! Hié! Hié! Hié!
Hié! Oh! Oh! Oh!


71.Pacato Cidadão
Composição : Samuel Rosa E Chico Amaral
Oh! Pacato Cidadão!
Eu te chamei a atenção
Não foi à toa, não
C'est fini la utopia
Mas a guerra todo dia
Dia a dia, não...

E tracei a vida inteira
Planos tão incríveis
Tramo a luz do sol
Apoiado em poesia
E em tecnologia
Agora à luz do sol...

Pacato Cidadão!
É o Pacato da Civilização
Pacato Cidadão!
É o Pacato da Civilização...
Oh! Pacato Cidadão!
Eu te chamei a atenção
Não foi à toa, não
C'est fini la utopia
Mas a guerra todo dia
Dia a dia, não...

E tracei a vida inteira
Planos tão incríveis
Tramo a luz do sol
Apoiado em poesia
E em tecnologia
Agora à luz do sol...

Pra que tanta TV
Tanto tempo pra perder
Qualquer coisa que se queira
Saber querer
Tudo bem, dissipação
De vez em quando é "bão"
Misturar o brasileiro
Aaaaai!
Com alemão

Pacato Cidadão!
É o Pacato da Civilização...
Oh! Pacato Cidadão!
Eu te chamei a atenção
Não foi à toa, não
C'est fini la utopia
Mas a guerra todo dia
Dia a dia, não...

E tracei a vida inteira
Planos tão incríveis
Tramo a luz do sol
Apoiado em poesia
E em tecnologia
Agora à luz do sol...

Pra que tanta sujeira
Nas ruas e nos rios
Qualquer coisa que se suje
Tem que limpar
Se você não gosta dele
Diga logo a verdade
Sem perder a cabeça
Sem perder a amizade...
Pacato Cidadão!
É o Pacato da civilização
Pacato Cidadão!
É o Pacato da civilização...

Oh! Pacato Cidadão!
Eu te chamei a atenção
Não foi à toa, não
C'est fini la utopia
Mas a guerra todo dia
Dia a dia, não...

E tracei a vida inteira
Planos tão incríveis
Tramo a luz do sol
Apoiado em poesia
E em tecnologia
Agora à luz do sol...

Consertar o rádio
E o casamento é
Corre a felicidade
No asfalto cinzento
Se abolir a escravidão
Do caboclo brasileiro
Numa mão educação
Na outra dinheiro...

Pacato Cidadão!
É o Pacato da Civilização
Pacato Cidadão!
É o Pacato da Civilização...(2x)

Pacato Cidadão!
É o Pacato
Da Civilização! Da Civilização!

72. Comida
Composição : Arnaldo Antunes / Marcelo Fromer / Sérgio Britto
Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?...

A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída
Para qualquer parte...

A gente não quer só comida
A gente quer bebida
Diversão, balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida
Como a vida quer...

Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?...

A gente não quer só comer
A gente quer comer
E quer fazer amor
A gente não quer só comer
A gente quer prazer
Prá aliviar a dor...

A gente não quer
Só dinheiro
A gente quer dinheiro
E felicidade
A gente não quer
Só dinheiro
A gente quer inteiro
E não pela metade...

Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?...

A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída
Para qualquer parte...

A gente não quer só comida
A gente quer bebida
Diversão, balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida
Como a vida quer...

A gente não quer só comer
A gente quer comer
E quer fazer amor
A gente não quer só comer
A gente quer prazer
Prá aliviar a dor...

A gente não quer
Só dinheiro
A gente quer dinheiro
E felicidade
A gente não quer
Só dinheiro
A gente quer inteiro
E não pela metade...

Diversão e arte
Para qualquer parte
Diversão, balé
Como a vida quer
Desejo, necessidade, vontade
Necessidade, desejo, eh!
Necessidade, vontade, eh!
Necessidade...

73. O Calibre
Composição : Herbert Viana
Eu vivo sem saber até quando ainda estou vivo
Sem saber o calibre do perigo
Eu não sei d'aonde vem o tiro (2x)
Por que caminhos você vai e volta?
Aonde você nunca vai?
Em que esquinas você nunca pára?
A que horas você nunca sai?
Há quanto tempo você sente medo?
Quantos amigos você já perdeu?
Entrincheirado, vivendo em segredo
E ainda diz que não é problema seu
E a vida já não é mais vida
No caos ninguém é cidadão
As promessas foram esquecidas
Não há estado, não há mais nação
Perdido em números de guerra
Rezando por dias de paz
Não vê que a sua vida aqui se encerra
Com uma nota curta nos jornais
Eu vivo sem saber até quando ainda estou vivo
Sem saber o calibre do perigo
Eu não sei d'aonde vem o tiro (2x)

74. Haiti.[Caetano Veloso e Gilberto Gil, letra de Caetano Veloso]
1993
Quando você for convidado pra subir no adro da
Fundação Casa de Jorge Amado
Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
Dando porrada na nuca de malandros pretos
De ladrões mulatos
E outros quase brancos
Tratados como pretos
Só pra mostrar aos outros quase pretos
(E são quase todos pretos)
E aos quase brancos pobres como pretos
Como é que pretos, pobres e mulatos
E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados
E não importa se olhos do mundo inteiro possam
estar por um momento voltados para o largo
Onde os escravos eram castigados
E hoje um batuque, um batuque com a pureza de
meninos uniformizados
De escola secundária em dia de parada
E a grandeza épica de um povo em formação
Nos atrai, nos deslumbra e estimula

Não importa nada
Nem o traço do sobrado, nem a lente do Fantástico
Nem o disco de Paul Simon
Ninguém
Ninguém é cidadão
Se você for ver a festa do Pelô
E se você não for
Pense no Haiti
Reze pelo Haiti
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui
E na TV se você vir um deputado em pânico
Mal dissimulado

Diante de qualquer, mas qualquer mesmo
Qualquer qualquer
Plano de educação
Que pareça fácil
Que pareça fácil e rápido
E vá representar uma ameaça de democratização
do ensino de primeiro grau
E se esse mesmo deputado defender a adoção da pena capital
E o venerável cardeal disser que vê tanto espírito no feto
E nenhum no marginal
E se, ao furar o sinal, o velho sinal vermelho habitual
Notar um homem mijando na esquina da rua
sobre um saco brilhante de lixo do Leblon
E quando ouvir o silêncio sorridente de São Paulo diante da chacina
111 presos indefesos
Mas presos são quase todos pretos
Ou quase pretos
Ou quase brancos quase pretos de tão pobres
E pobres são como podres
E todos sabem como se tratam os pretos
E quando você for dar uma volta no Caribe
E quando for trepar sem camisinha
E apresentar sua participação inteligente no bloqueio a Cuba
Pense no Haiti
Reze pelo Haiti
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui

 
75. Poema de Natal
Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados,
Para chorar e fazer chorar,
Para enterrar os nossos mortos -
Por isso temos braços longos para os adeuses,
Mãos para colher o que foi dado,
Dedos para cavar a terra.
Assim será a nossa vida;
Uma tarde sempre a esquecer,
Uma estrela a se apagar na treva,
Um caminho entre dois túmulos -
Por isso precisamos velar,
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito que dizer:
Uma canção sobre um berço,
Um verso, talvez, de amor,
Uma prece por quem se vai -
Mas que essa hora não esqueça
E que por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre,
Para a participação da poesia,
Para ver a face da morte -
De repente, nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte apenas
Nascemos, imensamente.
Vinícius de Moraes (1913-1980) Mais sobre Vinícius de Moraes).
A Revolução de 1930 deixou saldos amargos e bastante dolorosos para alguns, e o Natal que se seguiu não foi dos mais alegres e otimistas como se poderia desejar. Pairava no ar a inquietação... um certo medo do desconhecido. Para expressar de maneira mais autentica e esse sentimento de frustração coletiva; novamente nos seus versos do poeta pousalegrense, Vinícius Meyer, que no seu belo e significativo poema “Natal”, traça o estado reinante naqueles dias:

75-A NATAL (poeta pousalegrense, Vinícius Meyer)

Menino eterno de dois mil anos,
Que dois mil anos sorris num berço,
Escuta o choro de outros meninos que não sorriem,
Que choram só.

Ouves uns passos pesados, tristes,
Pelas estradas marchando, além?
Não são Pastores, lindos pastores,
Como os pastores de Belém.

São sem-trabalhos, são operários,
Na marcha da fome contra os metrópoles!
Tem dó dos filhos dos operários,
Que choram só.

Não ouves um rouco rumor rolado os ares?
Não são anjos cantando hosanas entre louvores,
São os ventos que, pelos rios e pelos mares,
Emborca os barcos dos pescadores.

Tem dó dos filhos dos pescadores,
Que choram só.

Em vão esperas pelos reis magos,
Que te esqueceram, que te olvidaram.
Os reis de hoje não são tão presentes,
Nem mais se guiam pelas estrelas,
Mas tão somente pela ambição;
Em vez de virem ao teu Presépio,
Guiam as falanges dos teus guerreiros
Para a chacina, para o extermínio.

 Tem dó dos filhos dos guerreiros,
Que choram só.

Debalde esperas a pobre gente,
Nem mesmo essa virá te ver;
Está nos campos buscando a terra;
Está nas minas buscando o ouro;
Para o fastígio de outras mãos;
Está nas fabricas tonitroantes;
Está no fundo das jazidas de carvão;
Está nos subterrâneos da vida,
Onde não entra o teu sorriso doce,
Mas onde pode entrar o teu perdão.

Perdoa a gente que não vem te ver,
Porque trabalha só.

E a pobre gente, a gente humilde,
Se acaso viesse ao teu Presépio,
Já que os presentes, reis magos de olvidaram,
Como presentes, régios presentes,
Deporia aos teus pés,
O ouro mau que a escraviza,
A mina amarga do sofrimento,
O inverso negro das chaminés!

O SOL. (Compositor: Antônio Júlio Nastácia). Nilton Nascimento.
Ei, dor!
Eu não te escuto mais
Você não me leva a nada
Ei, medo!
Eu não te escuto mais
Você não me leva a nada...

E se quiser saber
Pra onde eu vou
Pra onde tenha Sol
É pra lá que eu vou... (2x).



76. Menino de rua
Composição : Pedro Bhorges / Evaldo Lucena

Alô!
Alô Pepe moreno
Que qui cê que moço?
Eu quero cantar uma musica pra você!

Cê tem uma musica pra mim, é?
Ce deixa eu cantar pra você?
Deixo, eu tô com o teclado ligado
Eu vou soltar a batida e você canta vai

Ta legal, ta legal, escuta ai beleza?!
Ao tempo hein, ta ouvindo ai?
Ta legal
Quando eu mandar você canta. Cê canta, ta?
Um, dois, três vai canta.

To ligando pra você de um orelhão aqui da rua
Pra pedir para o senhor que me tire da rua
Você tem muito valor Pepe Moreno, por favor
Conto com ajuda sua

Ce ta me ouvindo, Pepe Moreno?
Num desliga não!
Não, canta, vai, ta legal, vai!

Foi no centro de São Paulo
Me perdi do meu irmão
Eu só tenho 9 anos
Quero encontrar minha mãe
Perdi tudo que eu tinha
Sou catador de latinha
Ferro velho e papelão

Pepe Moreno, cê ta gostando?
Você vai me ajudar?
Pode cantar, eu to gostando vai!

Quando eu ando pelas ruas os carros me jogam lama
Bate em minha carrocinha todo mundo só reclama
Ninguém que ser meu amigo vivo correndo perigo
Sinto que ninguém me ama

Garotinho lindo oh, eu to gravando ta?
Me da uma força, me tira da rua Pepé Moreno
Canta pra mim, vai, eu to ouvindo, canta!

Minha vida é desse jeito não escondo de ninguém
A tristeza no meu peito machuca e fere também
Meus olhos choram fumaça durmo no banco da praça
Enquanto o guarda não vem

Oh Pepe Moreno! me ajuda!
E rapaz, num chora não, moço
Oh a sua musica é muito bonita, viu?

Tenho fé na mãe de DEUS
Toda noite eu peço a ela
Pra mudar o meu destino
Me dar outra vida bela
A de volta a sorrir
Me leve embora daqui
Em nome do filho dela

Tenha fé em DEUS que você vai encontrar
A sua mãe e seu pai to rezando por você
Vou lhe ajudar
Você vai me ajudar?

Venha logo me buscar me faça esse favor
Sou um garoto de rua sei que não tenho valor
Se você me ajudar eu prometo estudar
E um dia ser doutor
Se você me ajudar eu prometo estudar
E um dia ser doutor

Vou te ajudar olha
Como é teu nome?
Alô, alô menino menino.....

77. O Vento
Composição : Edson Gaúcho
Num mundo com tantas doenças. O povo com pouca crença. Eu venho pedir cantando em sentimento e versos, eu venho pedir ao vento dar uma volta no universo. (Meditação).
Pedi ao vento que leve lembrança pra minha terra.
Pedi ao vento que leve paz, aonde tem guerra.
Pedi ao vento que leve fartura onde tem miséria.
Pedi ao vento que leve um beijo nos lábios dela.

O Vento foi,
O Vento vem,
Será que o vento já me atendeu?
Só resta agora você me entender,
Que esse vento é o nosso Deus!
Pedi ao vento que salve os jovens perdidos nas drogas.
Pedi ao vento que espalhe no céu o perfume das rosas.
Pedi ao vento que toda a nação seja gloriosa.
Pedi ao vento proteção aos filhos da mãe amorosa.

O Vento foi,
O Vento vem,
Será que o vento já me atendeu?
Só resta agora você me entender,
Que esse vento é o nosso Deus!
Pedi ao vento pra acalmar as ondas dos sete mares.
Pedi ao vento que leve harmonia a todos os lares.
Pedi ao vento que leve embora a impureza dos ares.
Pedi ao vento em orações que fiz nos altares.

O Vento foi,
O Vento vem,
Será que o vento já me atendeu?
Só resta agora você me entender,
Que esse vento é o nosso Deus!
Pedi ao vento pra nos conduzir na estrada da vida.
Pedi ao vento que encontre a criança desaparecida.
Pedi ao vento que dê ao doente conforto e guarida.
Pedi ao vento que a minha prece seja ouvida.

O Vento foi,
O Vento vem,
Será que o vento já me atendeu?
Só resta agora você me entender,
Que esse vento é o nosso Deus!

78. Aos Meus Heróis. Chay Suede
Faz muito tempo que eu não escrevo nada
Acho que foi porque a TV ficou ligada
Me esqueci que devo achar uma saída, e usar palavras
pra mudar a sua vida!
Quero fazer uma canção mais delicada

Sem criticar
Sem agredir
Sem dar pancada

Mas não consigo concordar com esse sistema, e quero
abrir sua cabeça pro meu tema
Que fique claro a juventude não tem culpa
É o eletrônico infundindo a sua cuca
Eu também gosto de dançar o pancadão, mais é saudável
te dar outra opção

Os meus heróis estão calados nessa hora, pois já
fizeram e escreveram sua história
Devagarinho eu vou achando meu espaço, e não me
esqueço das riquezas do passado
Eu quero a benção de Vinícius de Morais
E o Belchior cantando como nossos pais

E se eu quiser falar com gil sobre o flamengo
O que será que o nosso Chico tá escrevendo?
Aquelas rosas já não falam de cartola, e do Cazuza te
pegando na escola
Tô com saudade do Jobim com seu piano, do Fabio jr.
com seus 20 e poucos anos

Se o Renato teve seu tempo perdido, o rei Roberto
outra vez o mais querido, a agonia do Oswaldo
Montenegro ao ver que a porta já não tem mais nem
segredos

Ter tido a sorte de escutar o Taiguara, e Madalena de
Ivan Lins beleza rara
Ver a morena tropicana do Alceu
Marisa Monte me dizendo beija eu
Beija eu, beija eu
Deixa que eu seja eu

O Zé Rodrix em sua casa no campo, levou Geraldo pra
cantar num dia branco
No chão de giz do Zé Ramalho eu escrevi
Eu vi Lulu, Benjor, Tim Maia e Rita Lee

Pedi ao Beto um novo sol de primavera
Ver o Toquinho retocando a aquarela
Ouvir o Milton lá no clube da esquina, cantando ao lado
da rainha Elis regina

Quero silêncio, documento Caetano
O Djavan mostrando a cor do oceano
Vou caminhando e cantando com o Vandré
E á outra vida Gonzaguinha, o que é

Atenção DJ faça sua parte, não copie os outros seja
mais smart na rádio ou na pista mude a sequência,
mecha com as pessoas e com a consciência
Se você não faz letra inteligente, fica dominado e
limitadamente, faça refletir
DJ não se esqueça
Mecha o popozão, mas também a cabeça
A cabeça
A cabeça
A cabeça 


79. Cidadania Então Banda Enigmas
As vezes finjo não saber,para aprender de novo
Se acaso não conhecer limitado e meu poder da busca
Preciso buscar o entendimento,preciso exercer a cidadania
Quero ir a escola todos os dias,quero aprender
Quero concordar ou discordar,cumprir meu dever
Quero acreditar na legislação,sem ter que rasgar a constituição
De dentro do meu coração

Quero trabalhar,me alimentar,quero andar,sentir-me seguro
Quero morar,quero contribuir para uma nova sociedade
Entendida, ilimitada,determinada

Quero assumir minha posição,não vou discutir religião
Sem demagogia,sou cristão
Quero cantar o hino nacional,pedir a Deus pela nação
Buscar o auge,sobretudo então,ser cidadão,ser cristão
Ser um cristão cidadão,ser cidadão cidadão 


80. Caçador de Mim
Composição : Luís Carlos Sá e Sérgio Magrão

Por tanto amor
Por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz
Manso ou feroz
Eu caçador de mim

Preso a canções
Entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar
Longe do meu lugar
Eu, caçador de mim

Nada a temer senão o correr da luta
Nada a fazer senão esquecer o medo
Abrir o peito a força, numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura

Longe se vai
Sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir
O que me faz sentir
Eu, caçador de mim

81. Planeta Água
Composição : Guilherme Arantes

Água que nasce na fonte
Serena do mundo
E que abre um
Profundo grotão
Água que faz inocente
Riacho e deságua
Na corrente do ribeirão...

Águas escuras dos rios
Que levam
A fertilidade ao sertão
Águas que banham aldeias
E matam a sede da população...

Águas que caem das pedras
No véu das cascatas
Ronco de trovão
E depois dormem tranqüilas
No leito dos lagos
No leito dos lagos...

Água dos igarapés
Onde Iara, a mãe d'água
É misteriosa canção
Água que o sol evapora
Pro céu vai embora
Virar nuvens de algodão...

Gotas de água da chuva
Alegre arco-íris
Sobre a plantação
Gotas de água da chuva
Tão tristes, são lágrimas
Na inundação...

Águas que movem moinhos
São as mesmas águas
Que encharcam o chão
E sempre voltam humildes
Pro fundo da terra
Pro fundo da terra...

Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água...

Água que nasce na fonte
Serena do mundo
E que abre um
Profundo grotão
Água que faz inocente
Riacho e deságua
Na corrente do ribeirão...

Águas escuras dos rios
Que levam a fertilidade ao sertão
Águas que banham aldeias
E matam a sede da população...

Águas que movem moinhos
São as mesmas águas
Que encharcam o chão
E sempre voltam humildes
Pro fundo da terra
Pro fundo da terra...

Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água...(2x)


88
82. Filosofia do Anus
Substantivo comuníssimo gasoso.
Composição química: carbono + hidrogênio = metano CH4.
Não rima, eis uma singularidade, com palavra alguma.

No português medieval, rimava com uma variante de "feudo", "flato", há muito já extinta do vernáculo. Tem a forma eufêmica "pum", que o promotor de justiça no tribunal de Cabo Frio usou imitando os tiros que o Doca Street deu na Ângela Diniz: "Pum, pum, pum!" -- numa hilariante onomatopéia, que abrandou a tensão do julgamento. O flato tem sido tema literário, como o poema de Bocage, onde declara que, para ele, eram perfume os gases inferiores de sua amada! A pedido de seu editor, Machado de Assis escreveu "A Filosofia do Cu ", que é válvula de flato.

Pum é o que a mocinha delicada solta, enrubescida, no salão;
flato é carga pesada, em geral com ruído, quando não abafado sorrateiramente, mas sempre fedorento.
O flato, mensagem da merda, é, às vezes, ultimato: correr pro banheiro ou cagar na calça.
flato seqüenciais caracterizam a desagradável flatulência.
flato enganador é o que se espera saia silencioso, mas faz
um barulhinho embaraçoso.
flato acompanhante é o que persegue quem o solta.
flato molhado é o que suja os fundilhos.
flato educado, o que sai imperceptivelmente.
flato explosivo é o escandaloso, que faz um barulhão.
flato bolhudo é o fragmentado em pequenas bolhas de gás que fazem pluff, pluff..
flato-trombone, o que imita o som alto e prolongado do espalhafatoso instrumento musical.
flato-metralha parece uma rajada de metralhadora.
flato soprado é o expelido suavemente, com sendo um arrotinho anal.
flato-surpresa, o que acontece inesperadamente no esforço para se levantar algo pesado, causando constrangimento se houver gente por perto.
flato sem cheiro é o que sai do cu da mãe do chefe.
Escreveram no espelho do elevador do Ministério da
Previdência: "É PROIBIDO PEIDAR".


83. Brasil Corrupção
Composição : Ana Carolina E Tom Zé

Neste Brasil corrupção
pontapé bundão
puto saco de mau cheiro
do Acre ao Rio de Janeiro
Neste país de manda-chuvas
cheio de mãos e luvas
tem sempre alguém se dando bem
de São Paulo a Belém
Pego meu violão de guerra
pra responder essa sujeira
E como começo de caminho
quero a unimultiplicidade
onde cada homem é sozinho
a casa da humanidade
Não tenho nada na cabeça
a não ser o céu
não tenho nada por sapato
a não ser o passo
Neste país de pouca renda
senhoras costurando
pela injustiça vão rezando
da Bahia ao Espírito Santo
Brasília tem suas estradas
mas eu navego é noutras águas
E como começo de caminho
quero a unimultiplicidade
onde cada homem é sozinho
a casa da humanidade

84. Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores
Composição : Geraldo Vandré

Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer ( Reflão)

Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão

Reflão

Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição:
De morrer pela pátria
E viver sem razão

Reflão

Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Somos todos soldados
Armados ou não
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não

Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição

Reflão


85. Sorri
Composição : Charles Chaplin/G.Parson/J. Turner - versão: Braguinha
Sorri
Quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos, vazios
Sorri
Quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador
Sorri
Quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados, doridos
Sorri
Vai mentindo a tua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz

86. SORRIA
Composição : JB DE CARVALHO

Nunca desista da vida
Tudo é possivel ao que crê
Sempre existe uma saída
Deus não se esqueceu de você

De você, não se esqueceu de você
Sorria, não se esqueceu de você

Passou o tempo da lágrima, lágrima agora só de
alegria.
Existe alguém torcendo por você meu irmão, e é por
isso que você pode sorrir.
Então sorria, Deus não se esqueceu de você.

Sorria, já não há mais para que chorar
A tempestade já se acalmou
Olhe pro céu lá fora e veja o dia que surgiu
Assim é bem melhor, não há o que temer
A vida nos ensina ainda tem muito o que aprender
Esse é o sinal. Não se sinta só.
Existe alguém torcendo por você.
Acenda essa luz. Decida se ver.
Com os olhos que Deus olha pra você.

Nunca desista da vida
Tudo é possivel ao que crê
Sempre existe uma saída
Deus não se esqueceu de você

87. Luzes da Ribalta
Vidas que se acabam a sorrir
Luzes que se apagam, nada mais
É sonhar em vão tentar aos outros iludir
Se o que se foi pra nós
Não voltará jamais
Para que chorar o que passou
Lamentar perdidas ilusões
Se o ideal que sempre nos acalentou
Renascerá em outros corações

88. Filosofia
Composição : Noel Rosa

O mundo me condena, e ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber se eu vou morrer de sede
Ou se vou morrer de fome
Mas a filosofia hoje me auxilia
A viver indiferente assim
Nesta prontidão sem fim
Vou fingindo que sou rico
Pra ninguém zombar de mim
Não me incomodo que você me diga
Que a sociedade é minha inimiga
Pois cantando neste mundo
Vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo
Quanto a você da aristocracia
Que tem dinheiro, mas não compra alegria
Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente
Que cultiva hipocrisia

89. Brasil
Composição : Cazuza / Nilo Roméro / George Israel
Não me convidaram
Pra esta festa pobre
Que os homens armaram
Pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada
Antes de eu nascer...

Não me ofereceram
Nem um cigarro
Fiquei na porta
Estacionando os carros
Não me elegeram
Chefe de nada
O meu cartão de crédito
É uma navalha...

Brasil!
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim...

Não me convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram
Pra me convencer

A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada
Antes de eu nascer...

Não me sortearam
A garota do Fantástico
Não me subornaram
Será que é o meu fim?
Ver TV a cores
Na taba de um índio
Programada
Prá só dizer "sim, sim"

Brasil!
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim

Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim...

Grande pátria
Desimportante
Em nenhum instante
Eu vou te trair
Não, não vou te trair...

Brasil!
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim

Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim...(2x)
Confia em mim
Brasil!!

91. Carta do cacique Seattle da tribo Suquamish, dos Estados de Washington, a Franklin Pierce, presidente dos EUA, em 1854

Os Índios Duwamish habitavam na zona norte do actual estado de Washington, cuja capital Seattle tem o nome do Chefe Índio que proferiu o discurso, conhecido como a Carta do Chefe Índio, que é considerada como um dos mais belos manifestos ecológicos. Após a cedência das terras os índios Duwamish migraram para a reserva Port Madison onde está sepultado o Chefe Seattle.
A CARTA
“O Grande Chefe de Washington comunicou-nos o seu desejo de comprar as nossas terras. O Grande Chefe assegurou-nos também da sua amizade e de quanto nos preza. Isso é muito generoso da sua parte, pois sabemos que ele não necessita da nossa amizade.
Porém, vamos considerar a sua oferta, pois sabemos que se o não fizermos, o homem branco virá com armas e tomará as nossas terras.
Mas, como pode comprar ou vender o céu e o calor da terra? Tal ideia é estranha para nós. Se não somos os proprietários da pureza do ar ou do resplendor da água, como podes comprá-los a nós?
Cada torrão desta terra é sagrado para meu povo. Cada folha reluzente de pinheiro, cada praia arenosa, cada clareira e cada zumbido de insecto são sagrados nas tradições e na memória do meu povo. A seiva que corre nas árvores transporta consigo as recordações do homem de pele vermelho. O homem branco esquece a sua terra natal, quando, depois de morto vai vagar por entre as estrelas. Os nossos mortos nunca esquecem a beleza desta terra, pois ela é a mãe do homem de pele vermelha. Somos parte destas terras como elas fazem parte de nós.
As flores perfumadas são nossas irmãs; o veado, o cavalo, a grande águia – são nossos irmãos. As cristas rochosas, as seivas das pradarias, o calor que emana do corpo de um pónei e o próprio homem, todos pertencem à mesma família.
Assim, quando o Grande Chefe de Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, ele exige muito de nós. O Grande Chefe manda dizer que nos reservará um lugar em que possamos viver confortavelmente e que será para nós como um pai e que nós seremos seus filhos. Vamos considerar a sua oferta de comprar a nossa terra, embora isso não seja fácil, pois esta terra é sagrada para nós.
A água cintilante dos rios e dos regatos não é apenas água, é o sangue dos nossos antepassados. Se vendermos a nossa terra, terás de te lembrar que ela é sagrada e deverás ensiná-lo aos teus filhos e fazer-lhes saber que cada reflexo na água límpida dos lagos fala do passado e das recordações do meu povo. O murmúrio das águas é a voz do pai de meu pai. Os rios são nossos irmãos, matam-nos a sede, transportam-nos nas canoas e alimentam os nossos filhos. Se vendermos a nossa terra, terás de te lembrar e ensinar aos teus filhos que os rios são nossos e vossos irmãos, e terás de dispensar-lhes a bondade que darias a um irmão.
Nós sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um pedaço de terra vale o mesmo que outro, porque ele é um forasteiro que chega na calada da noite e tira da terra tudo o que necessita. A terra não é sua irmã, mais sua inimiga, e depois de a conquistar prossegue o seu caminho. Deixa para trás as sepulturas dos seus antepassados e isso não o importa. Apodera-se das terras dos seus filhos e isso não o inquieta. Ele considera a terra, sua mãe, e o céu, seu irmão, como objectos que podem ser comprados, saqueados ou vendidos como ovelhas ou miçangas cintilantes. Na sua voracidade arruinará a terra e deixará atrás de si apenas um deserto.
Não sei. Nossos caminhos diferem dos vossos. As vossas cidades ferem os olhos do homem de pele vermelha. Não há lugares calmos nas cidades do homem branco. Não há sítios onde se possa ouvir as folhas a desabrochar na primavera ou o zunir das asas dos insectos. O barulho que tudo domina ofende os ouvidos do homem de pele vermelha. Para que serve a vida se um homem não pode escutar o grito solitário do noitibó ou a lengalenga nocturna das rãs à volta de um pântano ? Sou um homem de pele vermelha e não compreendo, talvez porque os homens de pele vermelha são selvagens e ignorantes. O índio prefere o suave sussurro do vento roçando a superfície de uma lagoa e o perfume do ar lavado pela chuva do meio-dia ou carregado do aroma dos pinheiros.
O ar é precioso para o homem de pele vermelha, porque todas as criaturas partilham a mesma aragem: os animais, as árvores, o homem todos respiram o mesmo ar. O homem branco parece indiferente ao ar que respira. Como um moribundo em prolongada agonia, ele é insensível ao ar fétido. Mas se vendermos as nossas terras, deverás recordar que o ar é precioso para nós, que o ar reparte o seu espírito com toda a vida que ele sustenta. O vento que deu o primeiro sopro de vida ao nosso antepassado recebe também o nosso último suspiro. Se vendermos as nossas terras, deverás conservá-la como um lugar reservado e sagrado, onde o próprio homem branco possa saborear o vento perfumado pelas flores da pradaria.
Assim pois, vamos considerar a oferta para comprar a nossa terra. Se decidirmos aceitar, será com uma condição: O homem branco deverá tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo outros costumes. Eu vi milhares de búfalos a apodrecer na pradaria, abandonados pelo homem branco que os abatia de um combóio em movimento. Eu sou um selvagem que não compreende que o cavalo de ferro fumegante possa ser mais importante do que o búfalo que nós, os índios, matamos apenas para o sustento de nossa vida.
O que seria do homem sem os animais? Se todos os animais desaparecessem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Porque tudo quanto acontece aos animais não tarda a acontecer ao homem. Todas as coisas estão relacionadas entre si.
Deverão ensinar aos vossos filhos que o chão debaixo dos seus pés é feito das cinzas dos nossos antepassados. Ensinem aos vossos filhos o que temos ensinado aos nossos: que a terra é nossa mãe. Tudo quanto fere a terra fere os filhos da terra. Se os homens cospem no chão é sobre eles próprios que cospem.
Uma coisa sabemos: a terra não pertence ao homem, é o homem que pertence à terra. Disto temos certeza. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si.
Tudo o que acontece à terra acontece aos filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a teia da vida, ele não passa de um fio da teia. Tudo que ele fizer à trama, a si próprio fará.
Mas nós vamos considerar a vossa oferta e ir para a reserva que destinais ao meu povo. Viveremos à parte e em paz. Que nos importa o lugar onde passarem os o resto dos nossos dias ? Já não serão muitos. Ainda algumas horas, alguns invernos e não restará qualquer dos filhos das grandes tribos que viveram outrora nestas terras, ou que vagueiam ainda nas florestas. Nenhum estará cá para chorar as sepulturas de um povo tão poderoso e tão cheio de esperança como o vosso. Mas porque chorar o fim do meu povo ? As tribos são constituídas por homens e nada mais. E os homens vão e vêm como as vagas do mar.
Nem o próprio homem branco pode escapar ao destino comum. Apesar de tudo talvez sejamos irmãos, veremos. Mas, nós sabemos uma coisa, que o homem branco talvez venha a descobrir um dia, o nosso Deus é o mesmo Deus. Ele é o Deus dos homens e a Sua misericórdia é a mesma para o homem de pele vermelha e para o homem branco. A terra é preciosa aos olhos de Deus e quem ofende a terra cobre o seu criador de desprezo. O homem branco perecerá também e, quem sabe, antes de outras tribos. Continuem a macular o vosso leito e irão sufocar nos vossos desperdícios.
Mas na vossa perdição brilhareis em chamas ofuscantes acendidas pelo poder de Deus que vos conduziu e que, por desígnios só por Ele conhecidos, vos deu poder sobre estas terras e sobre o homem de pele vermelha. Este destino é para nós um mistério. Não o compreendemos quando os búfalos são massacrados, os cavalos selvagens subjugados, os recantos secretos das florestas ficam impregnados do odor de muitos homens e as colinas desfiguradas pelos fios falantes. Onde está a floresta virgem ? Desapareceu. Onde está a águia ? Morreu. Qual o significado de abandonar os póneis e a caça ? É parar de viver e começar a vegetar.
É nestas condições que vamos considerar a oferta da compra das nossas terras. E se aceitarmos será apenas para ficarmos seguros de recebermos a reserva que nos prometeram. Talvez aí possamos acabar os nossos dias e quando o último homem de pele vermelha tiver desaparecido desta terra, e a sua recordação não for mais do que a sombra de uma núvem deslizando na pradaria, estes lugares e estas florestas abrigarão ainda os espíritos do meu povo. Assim se vendermos as nossas terras amai-as como as temos amado e cuidai delas como nós cuidámos. E com toda a vossa força e o vosso poder conservem-na para os teus filhos e amem-na como Deus nos ama a todos.
Sabemos uma coisa: o nosso Deus é o mesmo Deus. Ele ama esta terra. O próprio homem branco não pode fugir ao mesmo destino. Talvez sejamos irmãos, veremos”.


92. Os “Ratos” e os “Qeijos”....
(ALVES, Rubem. Os “ratos” e os “queijos”. Folha de São Paulo, 19 set. 2006. Cotidiano, p. C2)

Antigamente, lá em Minas, a política era coisa séria. Havia dois partidos com nome registrado, programa de governo e tudo mais. Mas não era isso que entusiasmava os eleitores. Eles não sabiam direito o nome do seu partido nem se interessavam pelo programa de governo. O que faziao sangue ferrer era o nome do bicho e correlados por que seu partido era conhecido.
Em Lavras, os partidos eram os “Gaviões” e as “Rolinhas”. Em Dores da Boa esperança, onde nasci, eram os “Ratos” e os “Queijos”. Os nomes diziam tudo. Ratos querem mesmo é comer o Queijo. E o Queijo quer mesmo é se colocar de isca na ratoeira para pegar o roto.
[...] Como já disse, os eleitores nada sabiam dos programas de governo nem prestavam atenção nas promessas que eram feitas pelos chefões. Sua relação com seus partidos não era ideológica. Nada tinha a ver com a inteligência. Eles já sabiam que política não se faz com razão. Ganha não é quem tem razão. Ganha quem provoca mais paixão. O entusiasmo que tomava conta deles era igualzinho ao entusiasmo que toma conta do toceder no campo.  [...] Naqueles tempos o enstusiasmo não vinha nem da ideologia nem do caráter dos coronéis. O que fazia o sangue ferrer era o símbolo: “Eu sou Rato” e “Eu sou Queijo”.
Corria o boato de que coronel sigismundo, fazendeiro, chefe dos “Ratos”, usava jagunços para matar desafetos. Não surtia efeito. Era mentira deslavada dos “Ratos”. Corria o boato de que o doutor Alberto, médico rico, chefe dos “Queijos”, praticava a agiotagem. Mentia  deslavada dos “Ratos”. Os chefões, na cabeça dos eleitores, eram semideuses, padrinhos, sempre inocentes. O que dava o entusiasmo era o casmpionato. Quem ganharia? Os “Ratos” ou os “Queijos”? Quem ganhasse a aleição seria o campeão, dono do poder, nomeações dos afilhados, até a proxima.....
Mais de oitenta anos se passaram. O nomes são outros. Mas nada mudou. Política é a mesma paixão pelo futebol decidindo o destino do país. Os torcedores se preparam para a finalíssima entre os “Ratos” e os “Queijos”. É como era na cidadezinha de Dores de Boa Esperança, onde nasci 73 anos atras...       

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