terça-feira, 2 de agosto de 2011

Sociologia


Pierre Bourdieu e o conceito de violência simbólica

Resumo do Artigo   por:PabloSantos     Autor : Pablo Silva Machado Bispo dos Santos
Um dos conceitos mais comentados e menos conhecidos na obra de Pierre Bourdieu é o de violência simbólica. Criado com o objetivo de elucidar as relações de dominação que não pressupõe a coerção física ocorridas entre as pessoas e entre os grupos presentes no mundo social, o eminente sociólogo francês cunha esta noção, a qual corresponde a um tipo de violência que é exercida em parte com o consentimento de quem a sofre.
A raiz da violência simbólica estaria deste modo presente nos símbolos e signos culturais, especialmente no reconhecimento tácito da autoridade exercida por certas pessoas e grupos de pessoas. Deste modo, a violência simbólica nem é percebida como violência, mas sim como uma espécie de interdição desenvolvida com base em um respeito que "naturalmente" se exerce de um para outro. Como exemplo disto temos a atitude profesoral, a qual pressupõe o uso legitimado de estratégias punitivas em relação aos alunos (como reprovações e castigos) que não se enquadram nos moldes sociais da instituição escolar.
No que tange à concordância entre o dominado e o dominador, este aspecto da argumentação de Bourdieu é muito pouco entendido, pois algumas pessoas entendem como se houvesse um acordo formalmente stabelecido no qual a dominação é reconhecida como legítima, quando na verdade esta se dá pela ação das forças sociais e pela estrutura das normas internas do campo do mundo social em que os indivíduos se inserem, e que de certa maneira se incorporam (até mesmo corporalmente) em seus habitus.  


Em todo o mundo existem várias e diferentes definições para o que é a violência que ocorre especificamente no local de trabalho e que se apresenta sob diferentes formas.
Um dos poucos dados oficiais sobre o estudo da violência no trabalho foi realizado pela OIT – Organização Mundial do Trabalho, que constatou que a situação é um drama sofrido por pelo menos 13 milhões de trabalhadores - números apenas da Europa. Os casos relatados pelo relatório da OIT incluem uma ampla visão de actos considerados violentos infligidos a Agentes de Segurança Privada:
Vigilantes de transporte de valores, vigilância por rondas normalmente expostos a riscos de assalto a mão armada, outros que actuam no atendimento direto ao público; etc... todos estes, mais sujeitos à modalidade física, corporal da violência. Expostos à violência psicológica e moral estão estes já mencionados e mais todos os outros de qualquer área em qualquer país.
A violência física é mais facilmente identificável. Já a violência psicológica ou moral pode adquirir formas diferentes e subtis , desde a ofensa verbal, como uma qualquer pessoa que trata os Agentes de Segurança com palavras depreciativas, humilhantes ou puramente grosseiras; situações de assédio sexual; “perseguição” de um ou vários individuos negativos, entre outros actos.
Na minha experiência pessoal destaco por exemplo actos que acompanhei e sofri também de violência física e psicológica contra profissionais de Segurança não só mas também em hospitais neste caso – os mais expostos à violência entre a classe – e que incluem desde agressão física, com chutos, socos e pontapés por pacientes e familiares de pacientes; situações relacionadas com a assistência da enfermagem ou equipa médica, invasões de porta; assédio sexual por parte de pacientes..
Relato aqui o caso de ao tentar acalmar um familiar de uma vítima de óbito, fui alvo de tentativa de agressão fisica e ofendido verbalmente. Outro exemplo: foi tentada agressão fisica, e verbal por um familiar de um paciente devido a desentendimentos sobre procedimentos que me queria agredir com uma canadiana. Mas o exemplo mais próximo e que fala a toda e qualquer categoria profissional é o de um camarada que conheci e que após anos a sofrer ameaças e pressões de forma direta, abandonou o emprego – e a Segurança.
Em Portugal cresce o número de Agentes de Segurança vítimas de violência ou que testemunham algum acto de agressão física ou verbal contra um colega de trabalho ou a eles próprios. A violência no trabalho – o assédio moral, em particular - tem-se apresentado como um factor crescente de acidentes e doenças ocupacionais – o que a transforma obrigatoriamente num assunto de saúde pública e foco de atenção dos profissionais em saúde ocupacional. A abordagem ao problema existe, mas ainda é pequena.
Existem factores como stress, agressividade, irritação ou frustração pessoal – além do uso de álcool ou drogas – estarem entre as possíveis causas das ocorrências, nos casos em que a agressão física ou o assédio moral parte de uma pessoa.
Como factores da violência física no trabalho decorrentes de questões sociais estão a falta de segurança nos locais de trabalho potencialmente perigosos e passíveis de sofrer assaltos. Causas parcialmente definidas geram pouco mais do que soluções inadequadas ou simplesmente equivocadas. Mas há esperanças de avanços, com o empenho de grupos de profissionais de Segurança, governo e sindicato na procura de medidas que possam prevenir e efectivamente punir a violência sofrida pelo Agente de Segurança Privada no ambiente que lhe deveria estar a oferecer os meios para a sua realização pessoal e profissional.
Sistemas de Gestão da Segurança são cada vez mais imprescindiveis no levantamento das condições de trabalho a que os Vigilantes são submetidos no cliente da sua empresa. Embora seja uma matéria obrigatória por lei pouca importância se dá a este tema por parte de quem negoceia com o cliente os contratos de adjudicação de serviços, é importante aqui falarmos de qualidade de serviço prestado, mas a questão da segurança nos postos de trabalho não pode continuar em segundo plano.

Violência doméstica ou violência contra crianças e adolescestes

O ser humano é, por natureza, violento. O homem sempre gerou violência ao longo de sua história e continua fazendo isso até os dias de hoje. Só existe uma maneira de nos livrarmos dessa infeliz carga hereditária: a educação.
Infelizmente o maior meio de comunicação utilizado pela humanidade hoje, a TV, nos educa ao uso da violência. Não pense que a educação é de responsabilidade dos pais, da escola, dos professores. Ela é também SUA responsabilidade. É você que, no fundo, vai fazer a diferença.
Formas de Violência

A violência doméstica contra crianças e adolescente pode se manifestar de diversas maneiras além da agressão física. Assim, é comum a violência através de ameaças, humilhações e outras formas que afetam psicologicamente as crianças e adolescentes.
Outra forma constante de violência é a omissão: alguns pais deixam de fornecer os cuidados necessários ao crescimento de seus filhos, que passam a sofrer privações essenciais à sua formação, como falta de carinho, de limpeza e, até mesmo, de alimentação adequada. Vale ressaltar que nem sempre essa omissão é decorrente da situação de pobreza em que a família vive.
Uma das maneiras mais perversas de violência contra a criança e o adolescente é o abuso sexual. Mais comum do que se acredita, ele acarreta fortes traumas nessas pessoas.
Como perceber a existência de violência?
Crianças e adolescentes, vítimas de violência doméstica, costumam apresentar vários sintomas físicos e psicológicos associados, o que pode ser observado através de seu comportamento.
Assim, é interessante estar atento a marcas na pele e fraturas, lembrando que podem ser decorrentes de violência, especialmente quando reiteradas. As marcas podem ser deixadas por queimaduras ou por algum objeto doméstico como cinto, ferro de passar roupas e cabides.
Além disso, a própria aparência da criança pode ser motivo para se suspeitar de violência doméstica, demonstrando falta de alimentação adequada (nem sempre decorrente da pobreza) e falta de asseio e higiene, por exemplo.
Pais que maltratam seus filhos, às vezes, são também negligentes em outros aspectos: impedindo-os de freqüentar a escola ou deixando de dispensar cuidados com a saúde da criança, que apresenta diversas vezes alguma moléstia, por exemplo.
A criança ou adolescente, vítima de violência, sofre freqüentemente fortes traumas e reage a eles de maneira diversa. Assim, alguns modificam seu comportamento regular, tornando-se tristes, agressivos, rebeldes, tensos ou infantis para sua idade. Às vezes, apresentam dificuldade em compreender os ensinamentos, recusa-se a participar das atividades propostas e faltam às aulas.
Por fim, vale ressaltar, aspectos referentes à sexualidade que por vezes se manifesta visivelmente incompatível com a faixa etária da criança. Também são verificados, em alguns casos, sintomas de doenças sexualmente transmissíveis, certamente decorrentes de abuso sexual.
Muitas outras características são verificadas nessa crianças e adolescentes. O educador certamente perceberá, com a necessária lucidez, outras que aqui não forma mencionadas. Várias dessas evidências em conjunto levam à suspeita de violência, demandando especial cuidado por parte da equipe da escola.
O que fazer diante de suspeitas ou de casos de violência?
Quando a criança ou o adolescente passa a apresentar várias características de maus tratos associadas, há que se levantar a hipótese de que esteja sofrendo agressões. Nesse caso, uma averiguação cuidadosa deve ser realizada. É conveniente que esse procedimento seja desenvolvido com a ajuda de outros profissionais, como psicólogos, médicos e advogados.
A comunicação às autoridades competentes é certamente uma medida essencial para o melhor encaminhamento do caso. Assim, devem tomar conhecimento do ocorrido o Conselho Tutelar da região, o promotor de justiça da infância e da juventude, o juiz da infância e da juventude, a autoridade policial, os órgãos governamentais de assistência à criança e ao adolescente, como o SOS criança, e Centros de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente se existentes na região.
Como contribuir para a prevenção à violência contra a criança e o adolescente?
Os educadores certamente se encontram em uma posição privilegiada para tratar de assuntos referentes a crianças e adolescentes. Portanto, sua contribuição é essencial para que se desenvolvam e se consolidem os mecanismos de proteção aos direitos da criança e do adolescente previstos no ordenamento jurídico brasileiro.
Cada educador, isoladamente ou o grupo de educadores da escola em conjunto, tem o poder de influenciar na realidade existente na localidade em que atua. Sugere-se a seguir algumas formas de atuação:
Formação de grupos de educadores para estudo e discussão desse tema na escola;

Formação de núcleos interdisciplinares (composto por professores, médicos, advogados, psicólogos etc.) para o tratamento do tema;
Atuação junto ao Conselho Tutelar;

Atuação junto ao Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente;

Fomento da discussão sobre o tema através, por exemplo, de debates com a presença das autoridades envolvidas com casos de maus tratos contra crianças e adolescentes.

Quem denuncia a violência?

DENUNCIANTE
NÚM
%
MÃE
773
45,0
PAI
448
26,1
DEN. ANON.
317
18,5
VIZINHO
59
3,4
TIO (A)
54
3,1
IRMÃ (O)
22
1,3
CONHECIDO
20
1,2
PMPE
7
0,4
N.I.
6
0,3
AVÔ (Á)
5
0,3
VÍTIMA
3
0,2
CUNHADO (A)
1
0,1
MADRASTA
1
0,1
TOTAL
1.716
100
Por idade do agredido
Idade
Núm.
%
2 Anos
119
6,9
3 Anos
118
6,9
4 Anos
116
6,8
5 Anos
115
6,7
1 Ano
113
6,6
6 Anos
113
6,6
8 Anos
102
5,9
16 Anos
102
5,9
7 Anos
92
5,4
10 Anos
89
5,2
12 Anos
90
5,2
15 Anos
90
5,2
11 Anos
88
5,1
13 Anos
87
5,1
9 Anos
84
4,9
17 Anos
84
4,9
14 Anos
69
4,0
N.I.
40
2,3
0 Ano
5


Razões da violência

O governador Jackson Lago afirmou, em recente entrevista ao Jornal Pequeno, que “o sarneisismo gerou a violência que agora eles criticam todo dia”.
Sem sombra de dúvidas há um conjunto de razões que afetam o processo educativo na sociedade contemporânea e que geram a violência. Habitamos um mundo de pessoas tresloucadas, atingidas pela degeneração familiar e que levam a violência até para dentro da própria escola.
Num país como os Estados Unidos, o mais poderoso e desenvolvido do mundo, volta e meia pessoas enlouquecidas, franco-atiradores, saem matando a esmo, conforme aconteceu recentemente numa universidade da Virgínia. Conscientes estamos de que a venda indiscriminada de armas e o contrabando delas, são causas que estão na origem de toda essa violência. Mas no cerne dessa questão está o ser humano como alvo e vítima da ambição pelo melhor e pela sede de poder. Também a idéia da vingança justa, praticada por justiceiros e justiçadores, permeia a consciência da juventude desde o advento das histórias em quadrinhos, agora reforçada pela força incomensurável da televisão, dos vídeo-games e computadores. Quase todos os jogos são jogos de guerra.
Se não resta dúvida, como prega Rubem César Fernandes, do “Viva Rio”, que uma arma ao alcance das mãos transforma conflitos banais em tragédias irreversíveis, dúvidas não deve haver também que a ausência de esperança, de hospitais, de alimentação, de educação, de direitos ,de dignidade, de emprego, aumentam astronomicamente as possibilidades de violência.
As pressões sociais descabidas pela vitória a qualquer custo, a convivência diária das crianças com a violência, nas ruas onde moram, em suas casas, nos bairros, são momentos em que não se discute sequer a covardia de atingir sempre os mais fracos. O importante é bater e vencer.
Há toda uma cadeia de violência sendo gerada pela miséria extrema, pela desilusão, pela chamada solidão dos excluídos. Embora entre eles hajam aqueles que se conformam e esperam por uma vida melhor no céu. Pior que tudo isso, é que o medo e as neuroses vividas pela população dão contribuições milimétricas, mas constantes, para que o índice de violência seja cada vez maior.
Se, como diz Marcelo Gomes, a violência sempre esteve presente nas relações interpessoais, desde o pecado original, porque a inteligência humana, filósofos, sociólogos e religiosos, nunca conseguiram contê-la?
Não há como negar que no caso do Maranhão, e de muitos outros estados e países, a individualização do sujeito, distante do poder público e de todas as oportunidades, as discrepâncias sócio-econômicas, a competitividade ordenada pela alta voltagem do consumismo, num tipo de sociedade que lhe ordena ter a todo custo o que não pode ter, são também mães da violência.
Por tudo isso, e muito mais, o sarneisismo é responsável pela violência que, agora, lhe serve de bandeira política.

Razões da Violência

Edmar Oliveira

Quem provocou foi o Luiz Fernando Veríssimo. Numa crônica de Natal em que dizia ter recebido uma carta de Papai Noel, respondendo a um pedido seu de 1942, falou do presente ganho naquele ano: um revólver de brinquedo que simulava tiros disparando espoletas. Pois se o mestre diz que brincava de ser o Vingador com seu revólver, tomei coragem para contar das minhas brincadeiras de “cowboy”. Confesso que tive um revólver, reluzente, imitando prata, com cabo parecendo madrepérola. Tal qual o do Zorro, aquele amigo do Tonto. Com uma cartucheira que permitia o saque rápido e, esse era todo o diferencial, uma serpentina de espoletas que faziam tiros seqüenciais em números parecidos aos tiros dados pelos mocinhos nas telas de cinema: quase sem fim. E lá ia eu, montado no meu cavalo de pau da carnaúba, atirando a esmo, mas acertando em todos os índios e bandidos da minha imaginação, envolto na fumaça dos sonhos e cheiro de pólvora do quebrar intermitente das espoletas que pipocavam como tiros das telas do cinema. Em alguns momentos adentrava no “saloon” imaginário, pedia meu copo de leite, e desafiava o malfeitor para um duelo, no qual era necessário ser muito rápido no saque e atirar em continuidade para matar um bandido feito visão retirada da memória do cinema.

E quantas vezes fui Rocky Lane, Hopalong Cassidy, Roy Rogers, Durango Kid ou Kid Colt em várias aventuras que saiam de dentro da minha cabeça. E nestas aventuras, meu revólver disparou mais tiros do que nos filmes que assisti. E quando acordei deste sonho infantil as serpentinas de espoletas não funcionavam mais e o revólver não era de prata com cabo de madrepérola. Fiquei gritando pelo Shane, que saia de dentro de mim para nunca mais voltar, como na cena final de “Da Terra Nascem os Homens”.

E fui crescendo e esquecendo aquelas cenas que habitaram minha infância. Sempre soube que os tiros eram de festim e nunca consegui colocar uma arma de verdade na minha mão. Tenho medo das armas de verdade na mesma intensidade do fascínio pelos tiros de mentira da minha meninice. Sempre pensei que os brinquedos da infância não determinam o comportamento do adulto. Quando ouvi o Veríssimo dizer que foi o Vingador com seu revólver, sem que isso pareça lhe causar danos, me atrevi a escrever sobre uma brincadeira infantil que hoje não é considerada “politicamente correta”. Pois lhes garanto: não me fez mal nenhum.

Entretanto, lendo “Falcões: os meninos do tráfico”, de MV Bill e Celso Ataíde, vemos que as brincadeiras dos meninos nas comunidades carentes de agora retratam a violência da guerra que ali acontece de verdade. E que a crueza das brincadeiras está muito próxima da realidade e quase que a produzindo. A narração de cenas infantis descreve a tortura e a violência que lemos nos jornais com um realismo mágico antecipatório e não no gênero literário. E que estas brincadeiras infantis de agora quase que preparam o caráter do jovem de amanhã.
______
O que teria mudado no tempo? Mudamos nós ou mudaram as brincadeiras? Arrisco um palpite: o meu revólver prateado de cabo de madrepérola fazia parte de uma indumentária do herói imaginário. Claro que o chapéu e as roupas do Hopalong, se não eram imitadas de verdade, se imaginava tal e qual a fantasia do cartaz de cinema. Já os meninos das brincadeiras de agora imitam os irmãos, conhecidos e invasores reais de sua comunidade. E a guerra real acontece na rua ao lado, embaixo ou acima. Ontem nós brincávamos com a imaginação. Hoje a brincadeira é com a realidade...

No alto William Boyd "Hopalong Cassidy" em cartaz de cinema "A Volta de Hopalong". Acima divulgação de "Tropa de Elite"

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