terça-feira, 2 de agosto de 2011

Sociologia


O trabalho e a cidade
Para finalizar, buscamos reconhecer o espaço como a totalidade de todos, dos visíveis, dos mais visíveis, dos menos visíveis e dos que não podemos ver. É o lugar de todos, da racionalidade dominante e dos dominados, dos inseridos no trabalho abstrato e dos fora de qualquer formato de trabalho. Deste modo,a cidade, e sobretudo os espaços metropolitanos na empirização,é a existência específicado espaço, porque são formas-conteúdo específicas (Santos, 1996). Neste sentido, acreditamos que, enquanto categoria da existência da vida coletiva, os espaços metropolitanos são detentores da aceleração dos ritmos do tempo social, apresentam alto grau de expressão da modernização capitalista, por meio de sua arquitetura, dos fluxos de mercadorias, de dinheiro, de pessoas e de idéiase convivem e interagem com a massa de excluídos que, pela sua organização social e cultural, permite a reprodução da exclusão (Ribeiro, 1996).
Neste contexto, este espaço está organizado de forma estratificada e excludente, sendo essa estratificação intrinsecamente relacionada ao acesso dos grupos sociais aos meios de comunicação, equipamentos e saber instrumental.Essa desigual apropriação social e cultural das técnicas,altera as formas de manifestação dos vínculos sociais e estabelece novos condicionantes para a vida coletiva e para a ação social, a intervenção pública, os formatos organizativos, os mecanismos que constroem as identidades e identificações coletivas, as formas de difusão do conhecimento e o alcance da visibilidade pública por interesses e anseios coletivos, resultantedas modernizações conservadoras, as antigas e a modernização atual, que não romperam e não rompem com a estrutura concentradora de renda e de privilégios(Ribeiro, 1998), ao mesmo tempo, essa massa de excluídos reconstróiformas de sobrevivência na esfera da cultura pouco analisada naGeografia. A cultura é aqui entendida como conjunto de referências simbólicas que os homens fazem de si, de suas relações sociais e de sua relação com a base material (Canclini, 1983). A espacialidade urbano-metropolitana, concretizada por fenômenos demográficos,por atividades secundárias e terciárias epor novos modos de vida e de consumo, é lócus expressivo da modernidade, cujos conteúdos mudam no contexto da implementação do conjunto de modernizações desde sua base material até o contexto dos seus agentes engendradores, articulados aos impulsos globais da economia (Ribeiro et al., 1997). Entender a natureza do trabalho como referência ontológica e mediadora entre a vivenda e a cidade, reconhecendo os contextos de produção e reprodução da ideologia e os contextos possíveis de superação são os desafios dos nossos estudos e do nosso trabalho de pesquisa e de ensino.

Considerações finais
Desta forma, a relação entre trabalho, vivenda e espaço é desafio reflexivo profundo que remete à uma orientação epistemológica - filosófica do fazer ciência - que tem a responsabilidade derefazer o debate entre Geografia e a Teoria Social Crítica, tendo o método dialético como suporte, reconhecendo no espaço o trabalho e a moradae no trabalho a referência espacial do viver e do habitat, identificando a espacialização do trabalho dominado e do trabalho emancipatório, no desvendamento das diferentes formas assumidas no fazer trabalho no contexto espaciais. Neste bojo seria necessário reconhecer o trabalho em suas diferentes formas de realização, inclusive o nosso fazer. Poderia o nosso fazer-trabalho contribuir para a emancipação humana?  
Ficha bibliográfica:
SILVA, C. A. Trabalho como mediação entre a vida urbana e a vivenda. Scripta Nova. Revista electrónica de geografía y ciencias sociales. Barcelona: Universidad de Barcelona, 1 de agosto de 2003, vol. VII, núm. 146(079). <http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-146(079).htm> [ISSN: 1138-9788]

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